SOLLUA

Embalsamei seus raios cintilantes
Após o último pôr-do-sol
Larguei-me aos olhos umedecidos
E adormeci extasiada...

Despertar misterioso
Lágrimas ressequidas
Nada vinha à mente
Nenhuma recordação,
Hipóteses remotas

Lembranças perdidas

fugiam-me
Como o Diabo da cruz

Não havia tempo...

Forças descomunais chamavam-me
Ordenavam: _Erga-se!
E, no feito deste ato,
Fui sugada pelo fresco ar da noite

Sobrevoei o deserto
Vasta imensidão...

Subitamente

Deparada sem você
Despenquei do sonho
A mais pura fragilidade
Similar águia ávida
Mergulho a fundo na solidão

Ao meu redor
O mais sublime oásis já visto
Arrastei-me até sua beira
Que me presenteou com reflexo da lua

A mesma que me curou
Sem toque algum, apenas com amor
Milagre divino por muitos desejado

Veio a força de novo
Devolvendo-me ao desertoAo gesto do pouso
Reconheci teu sarcófago
Onde jazias
Por infinitos anos-luz...

Fiz-me semideusa...

Movi energias cósmicas
Regentes do universo
No desejo vulcânico
Ter-te novamente

Ao tocar-te
Explosão reluzente
Penetrando minhas pupilas
Ofuscou-me por segundos

Não perdi o espetáculo

Oh! Manifestação única
A perfeição de teus olhos
Teus lábios

 Que há tanto não beijava...
Tuas mãos outrora gélidas
O coração antes inerte
Agora bate com o meu

Que harmonia...

Sou tua parte maior e tu a minha.
Onde me aqueces e te alivio
Sou teu escudo contra todo o mal
Renascimento em fusão cósmica
Não olhamos mais para trás

Desse ponto somos UM

SOLLUA